Prêmio: Destaque pelo Conjunto da Obra
Arquitetura: Anne Marie Sumner
Equipe: Alexandre Serrano, André Aaltonen, Luciana Flores Martins, Yara Goulart
Fotografia: Nelson Kon
O Projeto apresentado para a Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo em 1993 foi iniciado por ocasião do convite feito pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro a 20 arquitetos de São Paulo e Rio de Janeiro para apresentarem projetos e/ou obras existentes a serem expostos no MAM-RJ ou desenvolverem de forma livre projetos prospectivos para a mesma exposição. Nossa opção foi pela prospecção urbana donde a reflexão sobre a metrópole de São Paulo no que refere a suas grandes escalas justapostas aos vazios urbanos. Envolve os entremeios de sistemas viários, viadutos, rios e córregos, redes de trens e metrô na aridez desta geografia urbana.
Nessa reflexão, não há oposição à paisagem, seja ela construída ou natural. Tampouco uma vontade de integração a ela. Nem tão simplesmente um evidenciar da paisagem. Trata-se de um campo comum onde um supõe o outro. Deserto, muro, telas e lâminas detêm o olho que não para de passar.
Os projetos propriamente partem de quatro áreas totalmente distintas da cidade de São Paulo associadas a esta reflexão:
Deserto-Viaduto Aricanduva
Evidência extrema da cidade contemporânea como ligação de pontos, cicatriz urbana – pura engenharia de tráfego. O não lugar. Na areia, a mais abstrata de todas as naturezas, aquela que muda com a ação do vento, se desloca continuamente, uma não fixidez. Ao mesmo tempo sistema pleno, infinito. O que não tem norma e a norma absoluta.
Muro-Parque Dom Pedro II
No alto o máximo de centralidade, concentração verticalizada. No baixo, esgarçamento, rarefação. O muro vazado – micáceo, altura 10m e comprimento serial – na planície baixa do rio é o que permite entrever a cidade e sua base, ambas no edifício que dissolve qualquer horizonte. Da planície esgarçada, o muro é protagonista próximo que vê o outro, seu semelhante, a muralha da cidade. Do alto, em situação invertida, aquilo que era protagonista é fato distante, também esgarçado quando nosso referencial é o centro que agora nos contém.
Telas-Translucidez/ Fim da Marginal Pinheiros
A estação de energia constitui uma espécie de autonomia bizarra. As torres têm um movimento que atende apenas a uma trajetória de lógica própria. Constituem uma espécie de véu. Área esgarçada, variante de rio, mudança de sistema viário, as 10 telas repõem de modo sucessivo e cada vez mais opaco esta situação. Obstaculizam nossa visão por translucidez.
Lâminas-Reflexão-/Rod. Dos Trabalhadores (Ayrton Senna) /Rio Tietê km 15
Situação dupla, noturna e diurna. À noite a paisagem como imagem duplicada, as luzes do casario e seu reflexo na água. De dia também imagem duplicada é o próprio casario que reflete na água. Duas lâminas de aço horizontais rasas sobre a cota rasa da água. De noite reflexão, de dia ofuscamento.