Ed. Piloto Capote Valente, São Paulo, 2014/15
Ano de Projeto: 2014-15
Área do Terreno: 2.000m²
Área Construída do Projeto: 13.472m²
Área Computável: 7870m2
Arquitetura: Anne Marie Sumner
Colaboradores: Arq. Juliana Pellegrini e Daniela Ramos Carvalho
Assistentes: Arqs. Arthur Oishi, Raphael Takano e Guilherme Lauretti
O Projeto piloto, um edifício de uso misto com18 pavimentos, desenvolveu-se segundo as diretrizes do novo Plano Diretor em São Paulo para eixos estruturadores. Recém aprovado em 2014 o novo Plano Diretor incentiva uma cidade mais compacta envolvendo políticas de adensamento populacional em áreas próximas a estações de metrô ou corredores de ônibus em que o coeficiente de aproveitamento do terreno pode chegar a 4 mediante pagamento de outorga onerosa.
Pavilhão do Brasil na Exposição Universal de Sevilha, 1991
Concurso
Arquitetura: Anne Marie Sumner
Equipe: Denise Xavier de Mendonça, Francisco Leopoldo Soares, Monica Palma Cappa, Rejane Beçak, Sophia da Silva Telles,Rogério Duarte Neves, Silvia Taeko Tanaka, Thomaz Montefort Diederichsen, Yara L. Goulart
Paisagista: Sakae Ishii
Artista Plástico: José Resende
Estrutura: Eng. Antonio Pinto Rodrigues
Memorial:
O tema do Pavilhão Brasileiro é o Brasil. A pergunta que se coloca é qual Brasil.
O território é extenso, o Brasil é urbano. Somos reflorestamento e mata natural, traçado cartesiano e mancha pictórica. O projeto para o Pavilhão marca a vertical.
No térreo o solo é liberado essencialmente na direção longitudinal pela posição das lâminas violeta e pela rampa engastada na empena prateada de 40m (argamassa com mica e limália), contrapondo-se à locação frontal do lote. A escultura estendida no chão acentua essa ambiguidade entre a frontalidade do projeto e o percurso lateral.
A rampa sobe até o 2º pavimento, vaza uma altura de 10m e desloca o volume da estrutura. Desse percurso em sombra, chega-se ao salão de exposições, uma caixa infletida a 5° em relação à linha de iluminação ortogonal (zenital lateral), que resgata para o interior o ligeiro translado exterior dos volumes e faz com que o olho oscile para cima e para baixo, entre este retângulo de luz e o piso de mármore preto florido com seus enormes veios brancos.
No 3º pavimento, o restaurante se desenha como um espaço linha, movimentado por atletas que são ora as lâminas violeta, ora as velas brancas, requadros de dacron que filtram a luz para dentro, embora o restaurante seja aparentemente todo fechado. O piso de mármore branco apicoado, interna e externamente, acentua a difusão da luz que abre um espaço claro e leve.
O espelho d’água na laje de cobertura dissolve finalmente o objeto, ao refletir inversamente as lâminas que agora voltam ao solo.
Teatro Itaú, São Paulo, SP, 1998
Adequação do Teatro existente no Instituto Itaú Cultural na Av. Paulista (Projeto original do edifício: Arq. Roberto Mange)para um teatro de múltiplo uso, donde a criação das arquibancadas em aço soltas e atirantadas.
Arquitetura: Anne Marie Sumner
Equipe: Arqs. Rodrigo Queiroz, Claudio Reuss, Mauricio Montei, Henrique Guerra, Suleir
Acústica: David Akkermann
Estrutura: Zaven Kurkdjian
Fluxo e Visão: Parque D. PedroII – Sala Especial – Bienal Internacional de São Paulo, 1997
Arquitetura: Anne Marie Sumner
Equipe: Alexandre Serrano, Jackson Dualibi, Leopoldo Soares, Luciana Flores Martins, Marcos Martins Lopes, Cláudio Thomas Reuss
Cálculo Estrutural: Eng. Antonio Pinto Rodrigues, André Ventura Pinto, Evandro Trevelin, Kennya Nagasse, Marcela Costa Amorim, Maurício Montel, Nivaldo Godoy Jr., Ricardo Mullenmeister, Rodrigo Cristiano Queiroz, Maria Luíza Visoni
Maquetes: Andrade Maquetes
Agradecimentos: Gabriel Zellmeister, Base Aerofotogrametria e Projetos S.A., Embraesp
Patrocínio: Atlas / Villares
O projeto para o Parque D. Pedro II foi apresentado em conjunto com projeto para a Av. Paulista em Sala Especial -Fluxo e Visão – para a Bienal Internacional de São Paulo em 1997.
A idéia do Projeto era não apenas de conectar o alto e o baixo, o historicamente salubre e o insalubre da baixada do Carmo, antigo porto geral, mas também indicar um vetor de adensamento urbano a leste, o Brás, tão próximo ao marco zero. Os conectores – caixas translúcidas com circulação vertical de escadas rolantes, mecânicas e elevadores – ligam a 25 de março à Sé assim como ambos ao outro lado do rio.
Finalmente, a transposição de nível do alto do Páteo do Colégio para o baixo do Tamanduateí, além de confrontar a secular intransponibilidade entre 2 áreas centrais, propiciava, na passarela a 20 m de altura, a percepção da clivagem desta topografia.
Pavilhões Renault I e II – Exposição Rural Argentina, Buenos Aires
Anos de Projeto: 1992/1993
Anos de conclusão da obra: 1993/1994
Área do Terreno em Buenos Aires: 500 m²
Área Construída em Buenos Aires: 300 m²
Pavilhão Renault – SP
Ano de Projeto: 1992/1993
Ano de conclusão da obra: 1993
Área do Terreno em São Paulo: 504 m²
Área Construída em São Paulo: 673 m²
Arquitetura: Anne Marie Sumner
Equipe: Arq. Luciana Flores Martins, Arq. André Aaltonen, Arq. Yara Goulart, Arq. Alexandre Serrano
Feiras expositivas como a Exposição Rural Argentina em Buenos Aires ou o Salão do Automóvel em São Paulo primam pela dispersão do olhar devido à grande quantidade de imagens justapostas.
A idéia de projeto para os pavilhões da Renault era deter o olho que nestas situações não para de passar: Em Buenos Aires com as velas verticais ou a onda no alto; em São Paulo com a densidade da mancha amarela.
Pavilhão José Resende, Tremembé , SP 2003
Pavilhão para obras do escultor José Resende (edifício proposto) articulado com residência eventual para artistas visitantes.(em edificação existente)
Arquitetura: Anne Marie Sumner
Equipe:Carolina Moggi, Humberto Buso, Rosangela Silva
Estrutura: Aloizio Margarido
Pavilhão Costa da Lagoa, Florianópolis, SC, 2007-2008
A área acessível apenas de barco na Costa da Lagoa – o endereço era o ponto 14 – em Florianópolis constituía-se numa fatia de morro daquela encosta e o uso visava articular um instituto de pesquisas biológicas associado a residência. O maior desafio era a acentuada declividade do sítio associada a necessidade de instauração de um canteiro de obras, quase uma usina dada a complexidade logística envolvendo o transporte marítimo.
Arquitetura: Anne Marie Sumner
Colaborador: André Aaltonen
Concurso Habitar com o Ambiente: Parque Ecológico Guarapiranga, SP, 1994
Arquitetura: Anne Marie Sumner
Equipe: Denise Xavier de Mendonça, Franciso Leopoldo Soares, Sophia da Silva Telles, Sakae Ishii, Carlos Alberto Monteiro de Andrade, Richard Sumner, Marcia Guilherme
Memorial:
O Parque do Guarapiranga é urbano por definição. O que se pergunta é se deve ser uma reserva natural ou um parque de diversões. Nem uma coisa nem outra. A intervenção humana não é necessariamente devastadora;
A ação humana não constrói, necessariamente, equipamentos;
A arquitetura é que cria a faz ver uma paisagem;
O partido torna a diversidade das situações existentes – alagado, relevo suave descampado, encosta, mata densa e água – e o projeto desenha o percurso do olho. As intervenções no parque são o próprio parque.
Não se trata, portanto de um projeto paisagístico que recebe as edificações como coisas opostas. Ao contrário, os usos destas edificações são o parque, na sua dimensão mais plena, porque fazem ver a paisagem e são a própria paisagem.
1. Várzea Inundada: anéis flutuantes de 5m de largura, 60m de diâmetro e espessura mínima – evidenciam a cota rasante da água.
2. Represa: trapiches flutuantes de 20m de largura por até 300 de comprimento – é a dimensão urbana na água.
3. Escarpas: edificações-lâmina de um pavimento e comprimento variável entre 50 e 260m – desenham um limite horizontal sobre a encosta vertical.
4. Açudes: planos dágua no relevo acidentado, abrem clareiras na vegetação dessa – trazem a água para a cota mais alta.
5. Campo: cunhas de 15m de largura por 30 de comprimento que encontram em movimento ascendente as curvas de nível – fazem ver a conformação natural do relevo.
Plano de Referência de Intervenção e Ordenação Urbanistica para subsidiar a formulação de Lei para a Operação Urbana Carandirú-Vila Maria, São Paulo, SP 2004
CNEC+Vigliecca Arquitetos Associados.
Arq. Convidada: Anne Marie Sumner
A escala DESTA cidade, São Paulo (1)
Pensar a escala urbana sobre tudo na escala desta metrópole de São Paulo, era tanto para Hector quanto para mim, o desafio mais complexo ao qual não só não podíamos nos furtar, como tínhamos uma vontade imensa de enfrentar; e participar das operações urbanas era esta possibilidade.
No caso da operação urbana Carandirú-Vila Maria, que denominávamos simplesmente, Carandiru,(2) eram 200 milhões de metros quadrados para o qual teríamos que estar munidos de um fôlego que dava medo. A área era maior do que uma Manhattan.
Fizemos o trabalho com tempo exíguo para a abrangência e dificuldade da área e acho que indicamos algumas direções que ainda preliminares poderiam ser aprofundadas. O processo propositivo foi mais instigante do que os produtos finais que sofreram muitas alterações.
Ao impacto da diversidade e enormidade da área, o agravante era que, não bastasse a escala, era uma parte lateral da cidade. A pergunta correlata imediata é se nesta escala se perpetua a idéia de centro. E, então, como fazer, como se locomover por distancias tão enormes. Por que do outro lado de São Paulo estavam mais 200 milhões de metros quadrados além do centro e irradiações. Por absurdo, temos em São Paulo 1.500km2; contra 105 de Paris e 127 de Manhattan. Enfim, sendo parte e não centro de uma cidade, colocavam-se algumas questões; a mais evidente, como pensar a parte sem pensar o todo? conversa que retomei com Marco Tabet (3) onde nos dávamos conta da dificuldade de pensarmos esta escala até pela sua absoluta juventude: o que significa uma cidade-município com 10 milhões de habitantes e
1.500km2 ? Freqüentemente achava que estamos mais próximos da Cidade do México e Shanghai mas hoje tendo a achar que somos como as wastelands, grandes passagens-paragens contínuas. De qualquer modo, a apreensão seguinte, e disso nos convencemos, seria como pensá-la a partir da sua geografia, e esta foi a tônica do processo.
Do ponto de vista da cidade como um todo, a recorrência da defasagem infra estrutural dava, como continua dando, a medida da exigüidade do nosso contrato social. Aliás, quanto menor a infra estrutura em relação à mancha urbana de uma cidade, maior a sua insuficiência como sociedade civil. É o caso das cidades brasileiras em geral.
Nessa tônica, a infra estrutura constituía um substrato espacial, ético e intelectual, e o território era nosso horizonte (4). Isto posto, colocava-se a questão de como desenhar esta cidade, como marcá-la, como indicá-la, como apresentá-la, como apreendê-la, como vê-la.
Se a geografia se configura como vetor nas grandes escalas, no caso da área em questão parecia invisível. A idéia portanto era torná-la visível. Acho sempre que o melhor exercício da cidadania se dá – do ponto de vista da arquitetura – quando associamos infra estrutura e geografia; isto é, a apreensão visível da cidade.
Vendo o limite da várzea do Tietê no pé do morro ascendente da Cantareira com os 4 córregos que deságuam no Tietê, ficou evidente que melhor seria termos 1 leitura geográfica da cidade como 1 todo. Porque a geografia continua com suas variações hídricas e topográficas, enquanto que os limites das operações urbanas são basicamente administrativos.
De qualquer modo, com esta apreensão do pé do morro e dos 4 rios, o quadro se esboçava (ver fig. 1). Os rios deveriam ser destampados e a várzea reposta através da proposição dos já clássicos parques lineares lindeiros a rios e córregos.
Do ponto de vista dos usos, como tratava-se de região de caráter metropolitano (5) era preciso dotar esta área de infra estrutura de transportes, tanto metrô como ônibus e automóvel. Para o metrô, havia já a hipótese de uma linha paralela à Marginal à meio caminho entre o pé do morro e o Rio Tietê. Naturalmente que ao longo deste subterrâneo aproveitamos a obra para criar, lindeira, estacionamentos lineares dos 2 lados para automóveis.
Ao longo do Tietê, a pergunta era como abordar a aridez rasa desta várzea, resultante não da condição de planície intrínseca às nossas várzeas, mas do caráter inóspito e claustrofóbico das vias marginais coladas ao leito retificado? Propunha os morrotes de estacionamentos; ocos de 2 ou 3 pavimentos para cima devido ao lençol freático raso. Criavam-se ondulações de paisagem naquela aridez rasa, devolviam um pouco da permeabilidade do solo com sua capa vegetal e atendiam à demanda por estacionamentos intrínsecos aos usos da região. Para as áreas adjacentes, dado que a várzea se estende até praticamente o pé do morro, uma das idéias era pontuar esta região de baixíssima densidade, além de esgarçada, com edifícios de grande verticalidade e mínima projeção no solo. Ou seja, altos coeficientes de aproveitamento e baixíssimas taxas de ocupação. O lote naturalmente, para este partido, teria que ser re-equacionado, a estrutura fundiária teria que ser revista; a isso Hector sempre dizia: “ Anne quer a terra arrasada”… Talvez. Mas, terra arrasada ou não, estas ações abordavam aquele território técnica e esteticamente. Equacionava-se os fluxos articulados à técnica e à paisagem (6). De fat, tratava-se menos de terra arrasada e mais pensar a cidade com a geografia, neste caso, na várzea.
Do outro lado, na foz do Tamanduateí (7), tínhamos uma área potencialmente de excelência por ser tão próximo ao centro e pela situação de junção dos rios.
Por uma divisão de trabalho, acabei me concentrando mais nesta área e acho que a 1a.hipótese era a mais potente e por isso a re-enuncio (ver figs.2,3).
Acentuamos a conexão dos rios, inundamos a várzea numa espécie de pequena Veneza e abrimos um enorme canal, larguíssimo paralelo à Av. Prestes Maia. Havia lá um novo percurso para as antigas e populares regatas.

Figura 2

Figura 3
Nesta hipótese, as 5 torres de 40 pavimentos de escritórios e habitação, o centro de espetáculos e o colégio de grande porte , localizavam-se para lá da Av. Prestes Maia, adjacente à Estação Armênia. Era a grande raia com largura de 50m, paralela à Prestes Maia que separava as torres da Escola e Centro de Espetáculos, ambos com acesso fácil pelo metrô. Naturalmente haveriam conexões entre as torres e estas através de leves e rasas passagens em nível entre uma área e outra. Afinal, a existência dos lotes públicos em oposição às desapropriações exigidas com esta proposta acabaram transladando os projetos para a área diretamente vizinha à Favela do Gato e em detrimento dos canais. Ficou na imaginação a volta das regatas num percurso entre o Tietê, a grande raia e a pequena Veneza.
De modo geral, a reflexão que ao menos se colocou valeu como estopim, imagino, mesmo que ainda restritas às nossas consciências e traços para outro entendimento da cidade. São projetos de grande envergadura e que naturalmente devem ser desenvolvidos com a máxima calma. Para as operações urbanas em curso, inclusive esta, alia jacta est.
(1) Este texto foi escrito para o livro de Hector Vigliecca, a propósito da nossa participação junto com o CNEC na Operação Urbana Vila Maria-Campo de Marte contratada pela SEMPLA em 2004. A equipe de arquitetura foi composta por Hector Vigliecca, Ruben Otero, Luciene Quel e por mim.
(2) A área começava na Vila Maria, percorria a Vila Guilherme, o Carandiru e entorno, a área do Anhembi, Santana, chegava ao Campo de Marte e atravessava o Rio Tietê englobando a foz do Tamanduateí até as adjacências da Ponte da Bandeira e Estação Armênia.
(3) Há 25 anos quando ainda estávamos na Escola, São Paulo tinha ainda uma escala consideravelmente palatável. O seu crescimento aceleradíssimo deslocou qualquer prognóstico , donde a dificuldade de mapeá-la. Meio americana e meio francesa, ficamos numa encruzilhada entre o boulevard e Los Angeles.
(4) Parafraseando Milton Santos, “o nosso quadro de vida”. Santos, Milton. O Retorno ao Território
In Território: Globalização e Fragmentação , 4a. edição, Hucitec, São Paulo, 1998, p. 15.
(5) Dada a presença dos grandes centros de exposições nacionais e internacionais, Campo de Marte, Terminal Rodoviário Tietê e de áreas esgarçadas com uso pouco definido como a Vila Guilherme justaposta ao bairro singelo da Vila Maria – embora com o maior índice de homicídios da região.
(6) As ações, ao longo do metrô aproveitavam 1 circunstância técnica de obra; nos morrotes, atendia-se à necessária demanda de autos resolvendo esteticamente uma questão técnica e de paisagem; os edifícios em grande altura junto com a capa vegetal dos morrotes devolviam em parte a permeabilidade do solo.
(7) Envolvendo parte do entorno da Favela do Gato, o Clube de Regatas Tietê, Ponte da Bandeira e Estação Armênia.
Opacidade e Situação– Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, 1993
Prêmio: Destaque pelo Conjunto da Obra
Arquitetura: Anne Marie Sumner
Equipe: Alexandre Serrano, André Aaltonen, Luciana Flores Martins, Yara Goulart
Fotografia: Nelson Kon
O Projeto apresentado para a Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo em 1993 foi iniciado por ocasião do convite feito pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro a 20 arquitetos de São Paulo e Rio de Janeiro para apresentarem projetos e/ou obras existentes a serem expostos no MAM-RJ ou desenvolverem de forma livre projetos prospectivos para a mesma exposição. Nossa opção foi pela prospecção urbana donde a reflexão sobre a metrópole de São Paulo no que refere a suas grandes escalas justapostas aos vazios urbanos. Envolve os entremeios de sistemas viários, viadutos, rios e córregos, redes de trens e metro na aridez desta geografia urbana.
Nessa reflexão, não há oposição à paisagem seja ela construída ou natural. Tampouco uma vontade de integração a ela. Nem tão simplesmente um evidenciar da paisagem. Trata-se de um campo comum onde um supõe o outro. Deserto, muro, telas e lâminas detêm o olho que não para de passar.
Os projetos propriamente partem de quatro áreas totalmente distintas da cidade de São Paulo associadas a esta reflexão:
Deserto-Viaduto Aricanduva
Evidência extrema da cidade contemporânea como ligação de pontos, cicatriz urbana – pura engenharia de tráfego. O não lugar. Na areia, a mais abstrata de todas as naturezas, aquela que muda com a ação do vento, se desloca continuamente, uma não fixidez. Ao mesmo tempo sistema pleno, infinito. O que não tem norma e a norma absoluta.
Muro-Parque Dom PedroII
No alto o máximo de centralidade, concentração verticalizada. No baixo, esgarçamento, rarefação. O muro vazado – micáceo, altura 10m e comprimento serial – na planície baixa do rio é o que permite entrever a cidade e sua base, ambas no edifício que dissolve qualquer horizonte. Da planície esgarçada, o muro é protagonista próximo que vê o outro, seu semelhante, a muralha da cidade. Do alto, em situação invertida, aquilo que era protagonista é fato distante, também esgarçado quando nosso referencial é o centro que agora nos contém.
Telas-Translucidez/ Fim da Marginal Pinheiros
A estação de energia constitui uma espécie de autonomia bizarra. As torres têm um movimento que atende apenas a uma trajetória de lógica própria. Constituem uma espécie de véu. Área esgarçada, variante de rio, mudança de sistema viário, as 10 telas repõe de modo sucessivo e cada vez mais opaco esta situação. Obstaculizam nossa visão por translucidez.
Lâminas-Reflexão-/Rod. Dos Trabalhadores (Ayrton Senna) /Rio Tietê km 15
Situação dupla, noturna e diurna. À noite a paisagem como imagem duplicada, as luzes do casario e seu reflexo na água. De dia também imagem duplicada é o próprio casario que reflete na água. Duas lâminas de aço horizontais rasas sobre a cota rasa da água. De noite reflexão, de dia ofuscamento.